quinta-feira, 26 de maio de 2016

Lastro de Brita e Concreto Magro - Visita Técnica

Encerrando as visitas técnicas a obra, hoje mostrarei a ultima etapa do processo de fundação. A ultima visita aconteceu dia 06/05/16 e nesse dia, acompanhamos a execução do lastro de brita e lançamento do concreto magro.

Vamos começar?

No ultimo post, pudemos acompanhar da escavação à concretagem de blocos sobre estacas. Após a desforma desses blocos, a área passa por uma compactação de terra, para que o solo esteja no mesmo nível que os blocos.

Solo compactado
Solo compactado
Depois que toda área está nivelada, será executado o lastro de brita. O lastro tem a finalidade de dar mobilidade a base, em caso de movimentações de terra e evitar possíveis fissuras ou trincas, e também para evitar o contato direto do concreto magro com o solo.

Lastro de Brita

Lastro de Brita

Por fim, foi realizado o lançamento do concreto magro. Este por sua vez, foi executado com a finalidade de evitar o contato da armadura em malha que será feita posteriormente. com o solo.

Concreto Magro após lançamento
E assim concluímos nosso acompanhamento a obra. Espero que você, leitor, tenha aprendido e gostado de fundações. 

Até a próxima.


Blocos Sobre Estacas e Vigas de Travamento - Visita Técnica

Dando continuidade ao nosso estudo de fundações, hoje iremos entender mais sobre blocos sobre estacas e vigas de travamento, através da segunda visita, que aconteceu dia 20/04/16.

Vamos começar?

Segundo a ABNT NBR 6118:2003: "Blocos são estruturas de volume usadas para transmitir ás estacas as cargas de fundação e podem ser considerados rígidos ou flexíveis.". Teoricamente os blocos sobre estacas podem agrupar quantas estacas forem necessárias, entretanto, quanto maior o número de estacas agrupadas maior a perca de eficiência delas. Isso significa que, para cada estaca vizinha que estiver localizada na mesma fila vertical, horizontal ou diagonal, cada esta do conjunto do bloco tem a capacidade reduzida em 1/16.

Suas dimensões em planta dos blocos dependem na maioria das vezes da disposição das estacas, procurando adotar em geral, o menor espaçamento possível entre elas, sendo 2,5 vezes seu diâmetro para cado de estacas pré-moldadas e 3,0 vezes o diâmetro para estacas moldadas "in loco". 

No caso da obra que estamos acompanhando, foram executados blocos sobre uma estaca. Esses por sua vez são utilizados em construções de pequeno porte, assim como blocos sobre duas estacas.

Para a execução dos blocos, foram realizadas as escavações das valas com as dimensões apropriadas para receber a forma do bloco. 

Escavação de valas para os blocos
Em seguida foram preparadas as cabeças das estacas para a perfeita ligação com os elementos estruturais. Geralmente, o concreto da cabeça das estacas são de qualidade inferior, pois há subida de excesso de argamassa, ausência de brita e a possibilidade de contaminação concreto com o barro em volta, por isso a concretagem deve terminar no minimo 20 cm acima da cota de arrasamento. 
Acompanhamento de obra

Escavação de valas para os blocos
Escavação de valas para os blocos




Após o preparo da cabeça das estacas, a base foi limpa e preenchida com lastro de brita. Nessa situação, a cabeça da estaca ficou livre 5 cm acima dele. Em seguida, as formas foram posicionadas e alinhadas, e a montagem das armaduras foi iniciada. As mesmas não deve encostar nas laterais da forma, para que o cobrimento especificado em projeto seja respeitado.
Armadura dos blocos
Posicionamento de forma para blocos
Posicionamento de forma para blocos
Armadura posicionada na forma
Para alguns blocos foram utilizadas vigas de travamento ou vigas baldrame. Quando blocos de até três estacas estão alinhados, necessitam de travamento para que esforços de momento e forças horizontais não sejam transmitidos para as estacas. Como o projeto da obra especificou blocos sobre uma estaca, foram necessárias vigas de travamento nas duas direções.

Como não foram utilizadas formas para as vigas, as laterais foram preparadas com chapisco e a base também recebeu lastro de brita.

Detalhe armadura
Travamento dos blocos

Detalhe união viga e bloco

Detalhe armadura da viga

Por fim, foi realizada a concretagem da viga e dos blocos de fundação. Durante a execução foi usado mangote vibrador, para o adensamento, sem o contato com armadura e forma, para evitar a perca de aderência do concreto à armadura.


Concretagem dos blocos

Concretagem dos blocos

Concretagem dos blocos

Concretagem dos blocos

Concretagem dos blocos

Na próxima visita, acompanharemos a execução de concreto magro para o fundo da piscina.


quinta-feira, 19 de maio de 2016

Demarcação, Perfuração e Concretagem - Visita Técnica


Como postado anteriormente, nesse blog iremos acompanhar e analisar as etapas de execução de estacas escavadas. Essa análise se dividirá em 3 visitas à obra, marcadas para acontecer em diferentes fases do processo.

A primeira visita aconteceu no dia 18/03/16, mas antes de explicar sobre as estacas, precisamos conhecer todos os serviços que as antecedem.

Lá no primeiro post do blog, expliquei um pouco sobre sondagens. Hoje, vou falar mais a fundo do estudo de solo usado na obra visitada.

A sondagem realizada no Campo di Fiore foi a SPT, que atualmente é a forma mais tradicional de estudo de solo no Brasil. Esse método proporciona a obtenção de amostras de solo, medida de resistência, leitura do lençol freático e também nos possibilita a  leitura de torque durante a realização do ensaio.

Mas como é feita uma sondagem SPT? Olha o esquema abaixo, vou te explicar.  


Os pontos onde será feita a sondagem são determinados de acordo com as características do terreno. Em cada ponto, é montado um tripé com um conjunto de roldanas e cordas, sendo a amostra à zero metro coletada. Na base do furo, apoia-se o amostrador padrão acoplado a hastes de perfuração. Marca-se na haste, com giz, um segmento de 45 cm divido em trechos iguais de 15 cm. Ergue-se o peso batente de 65 kg até a altura de 75 cm e deixa-se cair em quadra livre sobre haste.

E caso você tenha dúvida sobre o processo, a sondagem é padronizada pela ABNT NBR 6484. 

Da obra visitada, temos o resultado de 3 pontos de sondagem e você pode conferir abaixo:

Locação de pontos de sondangem


Primeiro Ponto de Sondagem - SP12

Segundo Ponto de Sondagem - SP13

Terceiro ponto de sondagem - SP14

Após a sondagem é realizada a demarcação dos eixos das estacas, feita pelo topógrafo, conforme especificado em projeto. Veja a foto abaixo:

Demarcação do eixo das estacas

Após a demarcação dos eixos das estacas, o trado mecanizado, equipamento utilização para perfuração, foi instalado e nivelado, posicionando a ponta do trado sobre o piquete, pequena estaca de madeira fincada ao solo, de locação e em seguida iniciou-se a perfuração. O diâmetro e profundidade das estacas estão estabelecidas em projetos. 


Perfuração 
Perfuração
Perfuração

Quando a cota prevista em projeto foi atingida e as características do solo foram confirmadas, compara com a sondagem mais próxima, foi feita a colocação de armadura e em seguida a concretagem.

Concretagem de estaca

Concretagem de estaca

Essa foi a primeira visita técnica, onde pudemos acompanhar a demarcação, perfuração e concretagem das estacas tipo escavadas. Na próxima visita conheceremos mais sobre os blocos sobre estacas e vigas de travamento.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Obra em Estudo

O estudo das etapas da fundação profunda, estaca escavada, será realizado em uma obra residencial  da empresa Fenix Construções e Incorporações, localizada em Vinhedo/SP. Trata-se de um condomínio de edificações verticais, sendo 5 torres com 4 pavimentos. A obra conta ainda com área de lazer, churrasqueira e piscina.


Localização obra estudada

Implantação do condomínio


O processo a ser acompanhado será da piscina, projetada com 19 estacas moldadas "in loco", como mostra os projetos abaixo:


Local para onde foram projetas as estacas


Esquema estacas escavadas


Legenda para estacas

Especificações das estacas

Armação das estacas

Detalhes estacas

Detalhes cabeças das estacas

Notas do projeto de fundação


Técnica de Estaca Tipo Escavada


Estacas tipo escavadas são aquelas moldadas "in loco". Seu processo se dá pela perfuração do local, seguida pela retirada de material e por fim preenchida com concreto. Em alguns casos, essas estacas substituem os clássicos tubulões sob ar comprimido, podendo apresentar um custo menor e maior capacidade de carga. Seu diâmetro chega à 2,5 metros e sua profundidade a mais de 40 metros.

Este tipo de estaca é indicada para solos coesivos e sem a presença de lençol freático elevado. Em solos com presença de água, estacas escavadas podem ser executadas com encamisamento do solo no trecho superior ou com utilização de lama bentonítica ou polímero para estabilização das paredes do fuste escavado. 

A principal diferença entre os dois tipos de lama esta no descarte. A lama bentonítica contamina o solo e exige que todo o material escavado seja enviado, junto com a própria lama, para aterros especiais. Já a lama polimérica, depois de utilizada, é misturada a um produto que separa o material em duas partes: água e resíduos aglutinados de polímeros, ambos não poluentes. Sendo assim, esta água pode ser descartada no sistema de drenagem, enquanto os resíduos aglutinados são destinados a um aterro comum, junto com o solo da escavação. 

Segundo NBR 6122/2010, para essa fundação, o consumo de concreto não deve ser inferior a 300 kg/m³, Fck ≥ 20 MPa aos 28 dias, agregado com diâmetro máximo de 19 mm (brita 1) e slump de 8 a 12 cm para estacas não armadas e de 12 a 14 cm para estacas armadas.

Este tipo de estaca profunda possui vantagens como a grande resistência e pequena deformabilidade, ausência de vibração não comprometendo construções vizinhas, colocação direta de arranques dos pilares, possibilidade de ser executada inclinada, possibilidade de uso para execução de estruturas de contenção e custo inferior comparado a sapatas em volume de concreto, escavação e material.


Método da estaca escavada


Parâmetros para estacas moldadas in loco - NBR 6122/2010


Engenheirando: As Fundações

O Engenheirando Fundações foi criado com a finalidade de levar a você, leitor, conhecimento técnico, a partir do acompanhamento de uma obra em fase de fundação.

E para começar: O que são as fundações?

As fundações são estruturas responsáveis pela transmissão de cargas da construção para o solo. Existem diversos tipos de fundação, sendo projetadas de acordo com a intensidade da carga e da profundidade da camada resistente do solo. A partir disso, são escolhidas as opções com custo mais baixo, com execução mais rápida e que atenda as normas de segurança.

Exemplos de fundações
                   

Para a escolha da fundação de uma construção deve-se, inicialmente, realizar o estudo de solo através da sondagem. A sondagem nada mais é a investigação do subsolo. Tal estudo deve fornecer as características do terreno, como:

  • Espessura e dimensão de cada camada do solo até a profundidade desejada;

  • Existência de água com posição do nível de água encontrado durante a investigação do solo;

  • Profundidade da camada rochosa ou do material impenetrável;

  • As propriedades do solo ou da rocha como permeabilidade, compressibilidade e resistência ao cisalhamento.

Existem diversos tipos de sondagens, entre elas:

  • Sondagem à trado manual ou mecanizado;

  • Sondagem à percussão SPT (Standard Penetration Test);

  • Sondagem Rotativa.

Esquema de sondagem SPT


Vale lembrar que o correto conhecimento do solo é de grande importância para a escolha da fundação que mais se adequa as especificações de projeto. As fundações são classificadas em:

  • Diretas ou Rasas: Aquelas em que a carga da estrutura é transmitida diretamente ao solo pela fundação. Executadas em valas rasas, com profundidade máxima de 3 metros. As fundações superficiais são projetadas com pequenas escavações no solo não sendo necessário uso de grandes equipamentos para executa-las. São exemplos: Sapatas (isoladas, corridas, associadas), vigas de fundação, radier e bloco sobre estacas;


  • Indiretas ou profundas: Aquelas que transferem a carga por efeito de atrito lateral do elemento com o solo e por meio de um fuste. São utilizadas geralmente em projetos grandes que precisam transmitir maiores cargas ao terreno e/ou quando as camadas superficiais do solo são pobres ou fracas. São exemplos: Estacas, tubulões e caixões.

Esquema de fundações